Por Gusmão Neto
Quando tinham entre sete e oito anos de idade, as irmãs gêmeas soteropolitanas Luíza e Letícia Santana surpreenderam a mãe quando começaram a demonstrar preferência por telescópios e lunetas, em vez de brinquedos convecionais, e que desejavam participar de encontros sobre astronomia em plena infância. A mãe Daiane Santana achou estranho o interesse diferente, mas aos poucos ela foi percebendo que diante dela estavam duas jovens prodígias com enorme vocação científica. Ela entendera porque suas meninas desde pequenas sempre demonstraram um empenho acima do normal nas disciplinas de ciências, física e química.
Hoje, com 12 anos, Luíza e Letícia observam o céu estrelado com outros olhos e representam o futuro da astronomia brasileira. Na semana passada as gêmeas foram premiadas com medalhas na Olimpíada Brasileira de Astronomia, no Prêmio Caça-Asteróides, uma iniciativa que é fruto da parceria entre a NASA e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Luíza e Letícia estão entre centenas de jovens que se increveram no concurso que tem abrangência nacional e internacional, cujo objetivo é popularizar as experiências astronômicas entre os cidadãos.
As garotas montaram uma equipe para encontrar asteroides ainda não identificados no universo. Por meio de um software conectado a um telecópio da NASA, localizado no oceano Pacífico, nas imediações do Hawaí, a equipe de Luíza e Letícia conseguiu encontrar 25 asteróides e com isso receberam o recohecimento do Governo do Brasil e da Nasa durante cerimînia em Brasília.
Mas essa não é a primeira premiação das gêmeas. Elas já faturaram outras medalhas em olimpiadas de iniciação científica. Luíza já ganhou ouro em olimpiadas de Biologia, Matemática Financeira e Astronomia. Letícia, além das mesmas que a irmã, também foi medalhista em Física, Astrofotografia e Geopolítica. Letícia chegou a ser noemada como embaixadora da Prep Olimpíadas em 2023 e já apresenta um pod cast do grupo de astronomos amadores da Bahia, o AB Cast.
Como surgiu o interesse pela ciência?
O interesse pelo assunto surgiu quando elas cursavam o 3º ano do Ensino Fundamental I. “Tivemos uma aula sobre o sistema solar e aí, a minha irmã Letícia ficou cheia de dúvidas e curiosidades, e começou a estudar mais o assunto. Em 2023, ela continuou lendo livros e fazendo cursos. Aí eu percebi o quão fascinante era não só a astronomia mas como outras ciências”, conta Luíza. Pelo bom desempenho delas como alunas, as irmãs estudam como bolsistas em um colégio particular desde as séries iniciais.
A busca por esses assuntos deixou a mãe mais do que surpresa. “Na realidade, fiquei impressionada e pensei: Meu Deus, que maluquice! Pra falar a verdade, eu nem acreditava que existiam outros planetas. Aí, em uma dessas reuniões, visualizei o planeta Saturno e algumas de suas luas, e pronto: comecei a apoiar ainda mais! Ainda acho um pouco estranho quando elas começam a falar de química e física também, porque na minha época na escola a gente só estudava para paassar nessas matérias difíceis”, explica Daiane.
A luta de uma mãe solo
Mãe solo, Daiane vive o dilema de muitos pais que lutam bravamente para apoiar o sonho dos filhos e enfrentam a falta de apoio e incentivo aos jovens talentos . Até a véspera da viagem, mãe fazia uma vaquinha entre amigos para garantir o alto custo das passagens aéras e hospedagem. “Ufa consegui. Foi uma luta enorme. Graças a alguns amigos e um empresário consegui um valor de doações para garantir a presença delas na cerimônia. Agradeço imensamente a todos que nos apoiaram. Toda luta valeu à pena e continuarei lutando para apoiar a realização do sonhos das minhas filhas”, disse Daiane.
Elas já estão na expectativa de outra olimpíada e desta vez esperam contar com mais apoios.